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     Atualmente, algumas mudanças significativas e progressivas são evidentes na sociedade, como o aumento da expectativa de vida e a transformação de hábitos e costumes, que podem culminar no individualismo e no racionalismo. Não obstante o efetivo desenvolvimento tecnológico e terapêutico, ainda é necessário lidar com a morte e seus processos. Presentes nos serviços de saúde em números cada vez maiores, estão os pacientes idosos, portadores de graves sequelas neurológicas e doenças crônico-degenerativas, além de outras de ordens genéticas, congênitas e outras adquiridas nos primeiros anos de vida. Na tentativa de implantar medidas concretas, como a criação de recursos específicos, melhoria dos cuidados oferecidos nos recursos já existentes, formação de grupos de profissionais e educação da sociedade em geral, os cuidados paliativos despontam como uma alternativa, para preencher estas lacunas, quer seja nos cuidados ativos aos pacientes e seus familiares, quer seja na percepção das necessidades próprias da, e pela sociedade (CARVALHO, PARSONS, 2012).

Conheça um pouco sobre

Cuidados Paliativos

     Os cuidados paliativos tiveram início com sua precursora, Dame Cicely Saunders. Após um período em que manteve contato frequente e intenso com, entre outros, um paciente judeu, portador de um carcinoma retal inoperável, Cicely Saunders fundou, em julho de 1967, o St Chistopher’s Hospice, a fim de oferecer cuidados essenciais e específicos a pessoas em terminalidade de vida. Nos Estados Unidos, tiveram crescimento significativo após o encontro de Cicely Saunders com Elisabeth Klüber-Ross em 1970. Em 1982 um grupo de trabalho, criado pela Organização Mundial de Saúde - OMS, definiu políticas para alívio da dor e cuidados do tipo paliativo para pacientes oncológicos, além de recomendá-los em todos os países (ARCHIVES, 2015; CARVALHO, PARSONS, 2012).

    Apresentada em 1990 pela OMS, a definição de cuidados paliativos foi redefinida em 2002 como sendo uma “(...) assistência promovida por uma equipe multidisciplinar, que objetiva a melhoria da qualidade de vida do paciente e seus familiares, diante de uma doença que ameace a vida, por meio da prevenção e alívio do sofrimento, da identificação precoce, avaliação impecável e tratamento de dor e demais sintomas físicos, sociais, psicológicos e espirituais“ (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE, 2015).

    Os cuidados paliativos, portanto, substituem uma concepção de impossibilidade de cura por uma possibilidade tangível de se propiciar um tratamento modificador da doença, afastando o conceito pré-concebido de não se ter nada mais a fazer pelo paciente em terminalidade de vida. Estes cuidados requerem identificação precoce, avaliação e alívio da dor e outros sintomas de natureza física, psicossocial e espiritual (MATOS, PULSHEN, 2015). O foco da atenção deixa de ser a doença a ser curada ou controlada e passa a ser o indivíduo adoecido, que precisa ser compreendido como um ser ativo, com direito à informação e autonomia. O campo de atuação expande-se e reafirma a importância da multidimensionalidade do ser humano, com ações orientadas pelos princípios da autonomia, da benevolência e da não maleficência (OLIVEIRA, 2008; CARVALHO, PARSONS, 2012).

     Nesta multidimensionalidade, inclui-se a família, que experimenta o sofrimento intenso e todos os processos envolvidos na doença como negação, revolta, barganha, depressão e aceitação; e ainda, para além disso, necessita de suporte para vivenciar o enlutamento. Em todos estes processos, faz-se necessária a intervenção de equipe inter e multidisciplinar capacitada em cuidados paliativos (OLIVEIRA, 2008; CARVALHO, PARSONS, 2012).

 

Referências:

 

ARCHIVES of Dame Cicely Saunders (1918-2005). [S.I]: Cataloguing the papers of the modern hospice pioneer. Disponível em: <https://cicelysaundersarchive.files.wordpress.com>.

 

CARVALHO, R. T.; PARSONS, H. A. (Org.). Manual de cuidados paliativos. 2. ed. rev. e ampl. Academia Nacional de Cuidados Paliativos, São Paulo-SP, 2012. p. 592.

 

MATOS, G. D. R.; PULSHEN, A. C.. Qualidade de vida de pacientes internados em uma unidade de cuidados paliativos: um estudo transversal. Revista Brasileira de Cancerologia. São Paulo-SP, 2015. v. 6, n. 62. p. 123-29. Disponível em: <http://www1.inca.gov.br/rbc/n_61/v02/pdf/06-artigo-qualidade-de-vida-de-pacientes-internados-em-uma-unidade-de-cuidados-paliativos-um-estudo-transversal.pdf>.

 

OLIVEIRA, R. A. (Coord.). Cuidado paliativo. Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. São Paulo-SP, 2008. p. 689. ISNB 978-85-89656-15-3.

 

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Disponível em:<http://www.paho.org/bra/>.

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